Há algum tempo atrás tive uma contusão nas mãos e fiquei sem poder digitar. Dos três dias que deveria ficar imobilizado só consegui um. As empresas que contratam meus serviços e meu sistema nervoso impediram minha plena recuperação.
Isto foi um sinal amarelo.
Percebi que uma viagem se aproximava rapidamente e que eu precisaria ficar ausente por mais de uma semana. Lembrei da minha contusão e entendi que chegava a hora de expandir a empresa e irremediavelmente abrir certos segredos profissionais.
Isto foi um sinal vermelho e fui ficando meio nervoso.
Fiz cálculos e telefonemas e com muito esforço venci eu mesmo e contratei uma pessoa próxima para segurar a infraestrutura. Contudo nenhum dos meus amigos programadores experientes estava disponível para tocar o meu sistema de EAD na minha ausência.
Iniciei uma busca pela internet. Eu precisava de outro profissional para trabalhar a distância.
Contratar uma pessoa que você não conhece e, além disso, alguém que você não vai nem ver é uma arte e um exercício de fé. Só que não adianta contar com milagre, você precisa ter técnica.
Entrevistei vinte pessoas (pelo menos). Uma delas, via skype, postou uma foto em que mostrava as mãos e nelas havia um tatoo em cada dedo. Sem ser preconceituoso, este tipo de tatuagem lança nossa mente claramente para os tatoos feitos em presidiários. Nada contra, mas se você quer vender credibilidade o caminho está errado.
Conversei com um candidato que colocou uma foto bem apresentável no site, parecia um advogado de férias. Quando ele começou a falar até me impressionou por seu conteúdo coerente mas a webcam estava ligada e eu vi claramente o local de trabalho dele. Pude perceber muitas coisas em poucos segundos. Profissional de home-office precisa de privacidade ou a própria casa o engole.
Fiz questão de investigar cada candidato. A internet é um livro aberto. No meio presencial é muito comum a indicação. É alguém indicando outro alguém. No ramo ‘a distância’, o trabalho executado no passado é que diz do que a pessoa é capaz de fazer na atualidade.
As entrevistas de emprego são praticamente iguais (presenciais ou a distancia). Os detalhes são importantíssimos, a segurança do candidato, o seu modo de falar, tudo. Contudo mentir na internet é mais difícil porque tudo está lá gravado a um clique do Google. O risco do negócio é enorme tanto no ramo presencial quanto no online. Nada impede que seus segredos sejam divulgados para seus concorrentes. No entanto há uma vantagem na internet: tudo é globalizado. O valor de mercado de funcionários variam tremendamente de acordo com a região do país. Eis um ponto significativo…
Certa vez um esperto quis o meu lugar em uma empresa. Via skype calculei a idade dele e analisei o shape que ele produziu para si mesmo. O cabelo era um místico “nerd fabuloso”, falando rápido palavras que todo mundo gosta de ouvir.
Quando tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, vi enorme auto confiança. Dizia ele ter ‘larga experiência em desenvolvimento para EAD’ (dois anos). Ele estava tão poderoso dentro de si mesmo que nem escondeu que me achou um idiota.
Em 1993 trabalhei como oficial do exército R2 na área de informática. Um dos nossos amigos oficiais era mais velho (devia ter uns 27 anos) e fumava sem parar. Um sargento nos disse que ele trabalhava demais e que poderia acontecer de um dia ele “se cansar” e virar vagabundo.
É flagrante que meu amigo do cabelo caprichosamente arrepiado trabalhou demais…
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